quinta-feira, 3 de março de 2011

COISAS BOAS E COISAS MELHORES

“Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar” – I Samuel 15:22


Estava pensando: há coisas boas de serem feitas e há coisas melhores que as boas. Exatamente o que diz o verso acima. Há coisas boas para serem feitas para Deus, mas há coisas mais excelentes ainda a serem oferecidas a Ele. Ocorreu-me isso quando passei por esse versículo durante minha leitura.

Essa é uma afirmação contundente feita pelo profeta Samuel ao rei Saul. Ela traz a idéia de que para tudo na vida há concerto, mas o melhor é não quebrar nada. Embutido a essa idéia, vem também a verdade de que é impossível ser aprisionado por qualquer erro que se possa cometer. E olha que esse é um conceito da antiga modalidade de relacionamento com Deus que era baseada inteiramente na Lei mosaica, o que incluía os sacrifícios – dentre eles, a imolação de animais conforme as diretrizes estabelecidas por ela.

O que diz o profeta Samuel, carrega o conceito de que na Lei havia provisão, propiciação, cobertura, perdão desaprisionamento da culpa para os pecados que sob ela se cometesse: o sacrifício. No entanto, melhor é não haver necessidade ou motivo para sacrificar. Sacrificar é bom, pois significa que quem pecou reconheceu seu pecado e dele se arrependeu e confiou na provisão oferecida por Deus – o sacrifício – para que do seu pecado ficasse livre e sem culpa. Mas o melhor é não necessitar fazer uso dela pela obediência à Lei. Por essa razão, Jesus afirmou, dentro de um contexto onde os fariseus haviam se apegado tanto ao rito do sacrifício que tornaram seus corações insensíveis à adoração e amor genuínos a Deus, que o melhor da vida é fazer o que lhe agrada, o que no caso, era cumprir sua ordenança, impulsionado pelo amor a Ele, manifestado no desejo de obedecê-lo e jamais desagradá-lo mesmo sabendo que se isso acontecesse, haveria sempre uma saída: o sacrifício pela derramamento do sangue de um animal substituto que representasse o pecador. Portanto melhor não haver motivo para o sacrifício do que sacrificar pelo fato de se ter desonrado a Deus com o pecado. É isso que significa a expressão acima. Sacrificar era bom. Porém, mais excelente era não pecar.

A nova modalidade de relacionamento com Deus inclui inevitavelmente o sacrifício. A diferença está em que o sacrifício não mais é oferecido pelo pecador a Deus toda vez que ele se torna conciso de haver transgredido a Lei. Agora o sacrifício é aquele que foi oferecido por Deus ao imolar não um animal, mas a Jesus Cristo, seu Filho, como cordeiro substituto, e isso, feito uma única vez, por todos os pecados não havendo mais necessidade de ser repetido. Isso implica em dois fundamentos básicos: que o sacrifício de Cristo, como nosso substituto, cobre, cancela, apaga, perdoa os pecados que foram cometidos, os que estão sendo cometidos e os que eventualmente serão cometidos – e ai daquele que diga que não – e que o perdão que desagrilhoa o pecador de toda culpa diante da prática do pecado cometido, está sustentado e assegurado única e exclusivamente no Sacrifício realizado por Deus não baseado no homem. Ora, isso descarta completamente o mérito humano. A isso a Bíblia chama de graça. Portanto, graça significa que o perdão do pecado é uma dádiva oferecida gratuitamente ao homem sem nenhuma consideração ao mérito próprio para recebê-lo ou não, pois o perdão está exclusivamente baseado no mérito do sacrifício feito por Cristo em favor de quem peca mais crê no sacrifício. Você pode não engolir, mas graça é isso. Não é o que você faz, mas é o que é feito por você.

Sendo estes fundamentos verdadeiros, de maneira absolutamente segura pode-se afirmar que para o pecado há a provisão da graça, que é o sacrifício de Jesus que cobre a ofensa cometida. Se houver pecado, lembre-se e creia que há a graça.

Uma vez compreendido isso tudo, posso dizer que a versão moderna da sentença do profeta Samuel baseada na Lei, ganharia um novo contorno. Creio que ficaria assim: “Melhor não pecar do que fazer 'uso' do recurso da graça como justificativa para pecar”.


Soa-lhe estranho? Então, deixe-me lhe apresentar duas razões do por que dizer que essa versão moderna é verdadeira. Primeira porque a graça nos salvou para uma nova vida que não inclui a presença do pecado. Segunda, porque toda vez que você pecar, você fará com que Deus se lembre que para o seu pecado houve sacrifício, o maior e mais difícil de todos: entregar seu Filho amado e inocente para morrer vergonhosamente na cruz do calvário pelo pecado cometido.

Imagino que você não deseja encher o coração de Deus com as dores dessa lembrança, não é?

A graça é maravilhosa. Não pecar contra Deus, é o caminho mais excelente para o qual a graça nos chamou.

No Pai, cujos verdadeiros filhos têm prazer em Lhe agradar o coração.

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