domingo, 24 de outubro de 2010

AS MARAVILHAS DE DEUS - Quando nem tudo parece tão maravilhoso assim.



O Salmo 105 possui 45versículos, cujo tema principal é a narrativa das maravilhas de Deus na história de Israel – Rendei graças ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos, entre os povos os seus feitos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas. Estas maravilhas e feitos de Deus são narrados na medida em que o salmista descreve a história do surgimento de sua nação em Abraão (v. 5 a 11); a trajetória de Abraão com sua família até a entrada no Egito com José; e encerra com a libertação e a condução de mais de um milhão de hebreus até a terra prometida de Canaã pela mão de Moisés (v. 12 a 45). Dessa maneira o Salmo vai contando, na narrativa do curso histórico de Israel, como Deus operara grandes maravilhas e prodígios.

Quem lê o salmo, pode constatar as com clareza as diversas operações maravilhosas que nele estão registradas, como sendo atos realmente poderosos de Deus. No entanto, por meio do contexto em que a história vai sendo contada, toda nossa noção de maravilhas vai sofrendo alterações e mudanças conceituais. Tais mudanças nos preparam para celebrar os feitos de Deus especialmente naquilo em que esses nivos conceitos nos ensina porque o conceito mais maravilhoso que as maravilhas constroem em nós com relação a Deus é aquele que ensina que Ele é o grande arquiteto, construtor e articulador da história de Israel bem como da história de qualquer um que o invoque como Deus pessoal e busque o seu poder sobre a própria existência. É o que se pode deduzir logo no início do salmo a partir do verso 3 e 4 – Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. Buscai ao Senhor e o seu poder; buscai perpetuamente a sua presença.

Quais são, portanto, os novos conceitos das maravilhas realizadas por Deus na história de Israel reveladas nesse salmo que nos leva a tal conclusão.

Primeiro, aparece o conceito das maravilhas como maravilhas mesmo. Isso é: as maravilhas como atos de poder do próprio Deus. Este conceito não é novo, aliás, de tão popular que é, parece ser o único. É quando Deus faz o bem para o bem em situação que o mal está mais próximo do que qualquer outra coisa. Aí vem Deus e faz maravilhas por meio de seus feitos poderosos. Ninguém duvida disso. Veja o verso 12 para citar um exemplo dentre outros que estão no Salmo – “Então, eram eles em pequeno número, pouquíssimos e forasteiros nela; andavam de naca em nação, de um reino para outro reino. A ninguém permitiu que os oprimisse, antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.”- (v.12 a 15). Esse texto mostra os feitos maravilhosos de Deus na proteção de um povo pequenino, fraco e desorientado, contra todos e qualquer um que se colocasse no caminho deles. Agora, mais clara e impressionante ainda se demonstra as maravilhas como maravilhas mesmo, quando elas são demonstradas por meio de sinais e pródigos operado contra os egípcios para a libertação do povo cativo sob a liderança de Moisés descritos mais ao meio do salmo do vero 26 ao 41. Ali se fala das pragas: do céu que se escureceu a mando de Deus; das águas que se transformaram em sangue; da terra que produziu rãs em abundância, só para citar algumas. Isso é milagre mesmo.

Logo depois aparece o conceito de maravilhas que se confundem mais com desgraças do que benção. Olhe com atenção os versos 16 a 18 – “Fez vir fome sobre a terra e cortou os meios para se obter pão.” A afirmação é amarga e irritante porquanto ela seja contada como parte das maravilhas realizadas por Deus. Deus foi o responsável por fazer vir fome e escassez de pão na terra em que habitava Jacó, neto de Abraão. Dá pra entender isso? Não parece até que Deus esta jogando contra? Pois bem: Deus faz maravilhas mesmo quando elas se parecem com desgraças.

Ai então, nos versos seguintes, se nos apresenta outro conceito de maravilhosa onde aquele que é abençoado se torna vítima da própria benção. Veja – “Adiante deles, enviou um homem, José, vendido como escravo, cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros...” – versos 17 e 18. Aqui nos é brevemente contada a história de José. Dificilmente alguém não conheça sua história e de como ela se iniciou com seu chamado por meio dos sonhos que tivera. Agora, o que me parece é que muita gente não percebe, talvez pela beleza da história toda, é que após os sonhos que teve, a vida de José transformou-se num pesadelo. Quem é que chamaria alguém de abençoado quando esse alguém é aquele que fora odiado pelos irmãos, vendido como escravo, dado como morto, induzido a trabalhos forçados distante de sua gente e de sua terra, acusado injuriosamente de tentativa de estupro e preso por dois anos sem entender por que sua vida tomara aquele rumo? Eu sei que você gostaria de ser o José governador. No entanto, em sã consciência, sei também que você jamais desejaria ter passado por aquilo que José passou: um verdadeiro pesadelo que durou quase 15 anos.

Um novo conceito de maravilha aparece nos versos 17 ao 24 que nos faz crer em maravilhas realizadas por Deus mesmo quando não vemos maravilhas nenhuma. Deixe-me contar um pouco do sentido e do momento histórico que aparece nesses versos. A fome havia chegado às terras de Jacó, e sua família, bem como tudo o ele possuía, estava ameaçada. José é vendido pelos irmãos e feito escravo no Egito. De escravo ele é transformado em prisioneiro e levado ao calabouço que ficava no subsolo do palácio de Faraó. Ali conhece o copeiro-chefe do rei que estava na mesma situação por ter ofendido ao seu senhor. O tal sujeito tem um sonho que é interpretado por José como significando o retorno ao seu posto de serviço na presença do rei, o que acontece três dias depois. Com isso, lembrando-se de José em ocasião em que Faraó também tem um sonho que lhe é perturbador, o copeiro-chefe o faz subir à presença do rei. Na presença do rei, José interpreta-lhe o sonho, o que lhe confere admiração e favor de Faraó que o constitui governador sobre seu reino. Por essa condição, pela fome que graça a terra e pelas articulações de José, seu pai e seus irmãos todos são trazidos para o Egito, onde vivem com as regalias que se permitia o irmão governador lhes conceder. É neste Egito que o povo hebreu cresce a partir da chegada da família de José naquela terra, a ponto de se tornarem mais fortes e numerosos que os seus opressores no Egito. Esse é o pano de fundo que se vê nesses versos. Agora preste atenção: você consegue perceber aquilo que é aparentemente imperceptível? Em meio a toda agonia dessa história de encontros e desencontros, desgraças, traições, rupturas e sofrimentos, e que levaria qualquer mente razoável descrer que Deus está operando maravilhas ainda que pareça que da parte de Deus nada se esteja fazendo. Então observe mais uma vez: o verso 16 diz que Deus faz vir fome na a terra; no entanto o verso seguinte afirma que Deus envia José antecipadamente ao Egito para viver ali na pior condição possível. Como escravo ele vai parar na Casa de Potifar; como prisioneiro ele vai morar debaixo do palácio de Faraó; na prisão ele conhece o copeiro-chefe do homem mais poderoso do mundo; há sonhos que ele revela e que se transformam em trampolim para do cárcere saltar direto na presença do rei que o alça a posto de governador. Você me pergunta por quê? A resposta é óbvia: Mesmo que não pareça, Deus está fazendo maravilhas silenciosas a fim de salvar a família de José da fome e preservar-lhes a vida. E não é só isso. Também diz o verso 24, que enquanto eles estão, depois de anos, vivendo sob a opressão egípcia, Deus os está fazendo “sobremodo fecundo” e tornando-os “mais forte que os seus opressores”. Percebe agora? Parecia que tudo era horroroso, no entanto, Deus estava coordenando um plano para torná-los uma nação grande e poderosa mesmo em meio àquelas circunstâncias que ditavam à razão a idéia de que Deus estava longe.

Por fim, ainda se observa o conceito de maravilhas como sendo aquele em que a maravilha maior é Deus se lembrando do que disse a homens e fazendo o que prometeu para honrar seu caráter de fidelidade. Há maravilha maior que essa? Primeira, a de Deus fazer promessas de bondade a homens nem sempre bons, e, segundo cumprir cada uma delas por fidelidade à promessa feita. Veja isso dito em três tempos: primeiro no verso 7 a 11 – Ele é o Senhor, nosso Deus; os seus juízos permeiam toda a terra. Lembra-se perpetuamente de sua aliança, da palavra que empenhou para mil gerações; da aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Isaque; o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel por aliança perpétua dizendo: Dar-te-ei a terra de Canaã como quinhão da vossa herança – segundo, verso 17 a 20 – Adiante deles enviou um homem, José, vendido como escravo; cujos pés acorrentaram com grilhões e a quem puseram em ferros, até cumprir-se a profecia a respeito dele, e tê-lo provado a palavra do Senhor. O rei mandou soltá-lo; o potentado dos povos o pôs em liberdade – e em terceiro tempo, no verso 42 – Porque lembrou-se da sua santa palavra e de Abrão seu servo.

Deixe-me sintetizar o que tenho dito até agora. A leitura do Salmo 105, ao narrar as maravilhas de Deus, nos traz ao menos cinco conceitos de maravilhas como feitos de Deus: maravilhas como atos poderosos de Deus mesmo; maravilhas que se parecem mais com desgraça que com benção; maravilhas onde o abençoado aparece como vítima da própria benção; depois, maravilha como ação de Deus mesmo quando a razão é levada a crer que Deus não está fazendo nada, e, por último, o conceito de maravilha como Deus se lembrando daquilo que prometeu a homens e cumprindo o que prometeu em função de seu caráter fiel.

Agora ouça-me: o que se absorve como aprendizado para a vida, é que Deus é o construtor e arquiteto, o gestor e administrador da vida independente das circunstancias que a cercam e da confusão inexplicável que embaralha a sua existência. O que você pode saber e crêr é a verdade de que Ele lhe guiará mesmo quando pensar que Ele esta distante; que Ele lhe protegerá mesmo quando você sentir-se fraco e desprotegido; que Ele estará sempre trabalhando em seu favor mesmo quando você achar que Ele não está fazendo nada. A Bíblia condensa tudo o que se tem dito até aqui num único versículo. É um salmo também. O de número 35 e verso 5. Ele diz: Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o demais ele fará.

Não se deixe levar pelo que a vida esta fazendo com você, nem se deixe vencer pelo indesejável que não se pode explicar ou controlar. Nem sempre os milagres se parecerão com milagres. Nem sempre parecerá que Deus está de fato fazendo alguma coisa por você. Isso não importa. O que importa é o quanto você esta disposto a confiar em Deus a ponto de entregar o seu caminho, a sua família, o seu casamento, a sua empresa, a sua igreja e o que mais você necessitar entregar a Ele, incluindo a própria vida. O resultado será sempre experimentar as maravilhas de Deus e ver que por você Ele fará todas as demais coisas segundo os seus grandes feitos. Amém.

Deus o abençoe,

Pr Paulo Rodrigues.

1 comentários:

JADETE MARIA RODINI COZACIUC disse...

OLA AMADO PASTOR ,COMO É MARAVILHOSO PODER VER ESSE AMOR E CUIDADOS DE DEUS DESCRITO DE UMA FORMA TÃO SIMPLES ,MAS FORTE ,E VERDADEIRA AO MESMO TEMPO ,QUE DEUS DERRAME SEMPRE EM SUA VIDA ESSA UNÇAO E ESSE AMOR PELA PALAVRA DELE ,PARA NOSSAS VIDAS ,ABRAÇOS.

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